Startup Werewool usa bactérias para tingimento de tecidos

A biotecnologia está na moda e vem transformando a indústria têxtil. A startup de moda Werewool usa bactérias para criar cores vibrantes e reduzir o impacto ambiental do tingimento de tecidos. Quer saber como isso pode mudar a indústria da moda? A gente te conta aqui!

Startup Werewool usa bactérias para tingimento de tecidos
Crédito imagem: Divulgação Werewool

A biotecnologia está revolucionando a indústria da moda de maneira surpreendente e uma nova tendência está emergindo com o uso de bactérias para produzir tecidos coloridos.

As startups estão à frente dessa inovação, usando microrganismos como mini-fábricas para criar tecidos sustentáveis e tingimentos ecológicos. Entre essas empresas pioneiras, a Werewool sediada em Nova York se destaca em sua abordagem inovadora para unir tecnologia e sustentabilidade.

Microrganismos como bactérias e fungos, há muito tempo conhecidos por suas aplicações na fermentação e biotecnologia, agora estão sendo usados para enfrentar um dos maiores desafios ambientais, a poluição causada pela indústria da moda.

E nesta indústria, o processo produtivo tradicional de tecidos e corantes é uma das maiores fontes de poluição ambiental, superada apenas pela poluição do uso dos combustíveis fósseis no mundo.

Agora startups estão usando esses microrganismos para criar uma soluções sustentáveis que prometem revolucionar o setor.

Fundada em 2018 por Chui-Lian Lee e Valentina Gomez, a Werewool é uma das primeiras startups a caminhar rumo a essa mudança.

A empresa usa a bactéria Escherichia coli reprogramada para produzir proteínas coloridas de maneira controlada e segura, uma vez que estas bactérias tem algumas cepas presentes na flora do intestino humano, mas outras cepas são nocivas à saúde humana.

As proteínas produzidas por este processo são extraídas da escheria coli presente em organismos marinhos como os corais, naturalmente coloridos com cores vibrantes.

A Werewool conseguiu combinar essas proteínas coloridas com biopolímeros para fabricar tecidos em uma grande variedade de tons. Atualmente, a empresa já produz oito cores distintas. A cartela de cores pode ser ampliada, por exemplo, misturando uma proteína azul com uma proteína verde fluorescente para obter um tom único de verde maçã.

A produção de tecidos coloridos pela Werewool é uma alternativa ecológica a esta fonte de poluição de forte impacto ambiental que é o tradicional processo tingimento de tecidos.

Tingir uma tonelada de tecido pode consumir até 200 mil litros de água e maioria deste volume é devolvida ao meio ambiente com resíduos tóxicos.

A tecnologia inovadora da Werewool reduz drasticamente o uso de água no processo produtivo de tingimento, eliminando também a poluição causada pelo processo produtivo dos corantes químicos.

A Werewool surgiu a partir de um desafio lançado pela estilista inglesa Stella McCartney em 2018, ao investir na criação de uma lã que não fosse extraída de ovelhas.

Chui-Lian Lee e Valentina Gomez, colegas no Fashion Institute of Technology, aceitaram o desafio e ao longo do processo de pesquisa descobriram o potencial dos microrganismos na produção de tecidos coloridos.

Desde sua fundação, a Werewool captou mais de US$ 4 milhões em investimentos e continua em busca de mais US$ 6 milhões para expandir suas operações.

Entre os investidores estão Material Impact e Sofinnova Partners, que reconhecem o potencial da empresa para transformar a indústria da moda com soluções sustentáveis e inovadoras.

O uso de bactérias para a fabricação de tecidos coloridos não é apenas um avanço tecnológico para beneficiar o processo produtivo de tecidos, mas é também uma resposta à urgente necessidade de reduzir o impacto ambiental da indústria da moda.

A Werewool está demonstrando que é possível criar produtos de moda vibrantes e sustentáveis, abrindo caminho para um futuro em que o dinamismo da produção de moda e a sustentabilidade podem caminhar lado a lado.

Fonte: https://agencia4.jornalfloripa.com.br/leragencia4/38929