Coleção 'Tarsila Amarela' de Ana Clara Watanabe encanta o público no edifício Martinelli

Desfile de estreia da Coleção Tarsila Amarela da estilista Ana Clara Watanabe no Edifício Martinelli. Uma mistura de ousadia, arte e ancestralidade. As roupas são uma verdadeira obra de arte, mas você não vai acreditar nas surpresas que vai encontrar neste desfile.

Coleção 'Tarsila Amarela' de Ana Clara Watanabe encanta o público no edifício Martinelli
Crédito imagem: Vogue Brasil/ TikTok

Alguns dos encontros mais memoráveis na moda surgem de combinações inesperadas. O primeiro desfile solo de Ana Clara Watanabe, intitulado "Tarsila Amarela", é um excelente exemplo disso. A apresentação aconteceu no dia 28 de maio no Edifício Martinelli, em São Paulo, destacando-se pela originalidade e pelo profundo diálogo com a arte.

Ana Clara é uma estilista inovadora que se dedica bastante aos processos criativos. Em sua estreia solo, ela criou roupas de grandes proporções que se assemelhavam a instalações artísticas, inspiradas inicialmente em origamis. Cada peça foi meticulosamente confeccionada, mostrando a habilidade da designer em transformar conceitos abstratos em formas tangíveis.

O desfile-performance foi ainda mais enriquecido pela presença da voz de Tarsila do Amaral, extraída de uma de suas últimas entrevistas, ecoando pelo espaço. Essa escolha não apenas acrescentou uma dimensão emocional ao evento, mas também conectou a obra da famosa pintora modernista com as raízes nipônicas de Ana Clara. A execução teatral das peças impressionou a plateia, que incluía familiares, artistas e personalidades influentes da moda, como por exemplo, Jum Nakao, designer brasileiro que também tem ascendência japonesa.

Ana Clara conseguiu harmonizar uma celebração ao legado artístico de Tarsila com uma visão voltada para o presente e o futuro. Sua coleção incorpora práticas sustentáveis, como a reutilização de materiais têxteis e o desenvolvimento de aviamentos a partir de plástico e vidro reciclados, e até mesmo cápsulas de café. Essa abordagem buscando o reaproveitamento sustentável vai além do desfile convencional, propondo uma reflexão profunda sobre imagem, processo criativo e execução no universo da moda. A coleção incluiu uma alfaiataria moderna, tapeçarias e outras técnicas artesanais que encantaram o público.

Ana Clara tem uma trajetória de integração entre moda e arte desde seu primeiro desfile em 2019, inspirando-se na carreira da pintora Tarsila do Amaral. A convite do instituto que preserva o legado de Tarsila, a estilista criou a coleção "Tarsila Amarela" em comemoração ao centenário das obras modernistas da artista. O desfile foi realizado no Edifício Martinelli, um local histórico no coração de São Paulo.

A coleção "Tarsila Amarela" foi inspirada em três pinturas de Tarsila que celebram a cidade de São Paulo: E.F.C.B (Estrada de Ferro Central do Brasil), São Paulo, e São Paulo (Gazo), todas de 1924. "Escolhi essas obras porque, assim como Tarsila, sou uma mulher do interior que veio para São Paulo para trabalhar com arte", explicou Ana Clara. Ela trouxe elementos de sua cidade natal, Pindamonhangaba, como texturas e paisagens, para as peças da coleção.

Ainda na pegada da produção mais sustentável a estilista trabalhou com tecidos reciclados e jeans feitos de algodão regenerativo. Durante seis meses, Watanabe colaborou com o Senac de Pindamonhangaba, envolvendo estudantes e professores no processo de confecção das peças, destacando a importância da colaboração educacional na moda.

A coleção contou com estruturas maximalistas, sustentadas por arames, cabos de madeira e PVC, que foram decoradas com bordados, patchwork e texturas variadas. Ana Clara valorizou suas criações de formas inusitadas e estruturas complexas nas roupas, e o convite do instituto de Tarsila foi o impulso perfeito para explorar a moda como uma forma de arte.

Ao final do desfile, Ana Clara convidou o público a interagir com as peças, enfatizando a importância da interação na sua visão artística. A coleção "Tarsila Amarela" não só celebrou o legado de Tarsila do Amaral, uma das maiores artistas modernistas do Brasil, como também ofereceu uma nova perspectiva para a moda, integrando arte, inovação e sustentabilidade de maneira cativante.

Confira alguns momentos do desfile publicados pela Vogue em seu perfil no TikTok:

@voguebrasil

A moda ocasionalmente consegue a proeza de fazer o tempo parecer estar suspenso. Atingir isso em um mundo saturado de desfiles, roupas e lançamentos, é cada vez mais difícil, mas Ana Clara Watanabe provou nesta terça-feira que difícil não quer dizer impossível. Em um desfile-performance no Edifício Martinelli, em São Paulo, ela apresentou 10 looks que poderiam também ser classificados como esculturas. Cada um possuía uma complexa e única estrutura de metal e madeira (quase como crinolinas), que depois foram recobertas por tecidos (em sua maioria sobras da indústria têxtil).

♬ som original - Vogue Brasil

Fonte:ffw uol com br = Ana Clara Watanabe faz desfile de estreia de sua marca no edifício Martinelli