Biocorantes desenvolvidos pelo Instituto Senai de Inovação
No campo da moda sustentável, uma solução eco-friendly está ganhando destaque: os biocorantes naturais. A pesquisadora Giulia Aranha, do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), que atua como um hub de inovação para promover o desenvolvimento sustentável no Brasil, explica que a produção de corantes por meio de rotas microbiológicas surgiu em resposta à demanda da indústria por processos mais amigáveis para o meio ambiente na criação de cores.
Segundo Giulia Aranha, a sustentabilidade não é apenas uma obrigação, mas também uma estratégia de posicionamento de produtos para a indústria. Ela destaca que pensar em resíduos ricos em carbono e nitrogênio como nutrientes para bactérias permite o desenvolvimento de novos bioprocessos.
O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) do SENAI CETIQT tem como objetivo identificar e desenvolver novos produtos e processos químicos, bioquímicos e têxteis a partir de recursos renováveis e não renováveis, com foco na redução do impacto ambiental. Um dos projetos mais recentes apresenta uma alternativa sustentável importante para as indústrias têxtil e cosmética.
A indústria da moda é conhecida por sua grande pegada ambiental, sendo a segunda mais poluente do mundo, atrás apenas da indústria do petróleo. O descarte inadequado de resíduos têxteis é uma preocupação crescente, e os biocorantes surgem como uma alternativa sustentável aos corantes artificiais, pois são derivados de fontes naturais e renováveis, alinhando-se com a preocupação ambiental.
Os micro-organismos desempenham um papel fundamental na produção desses corantes, reciclando resíduos como matéria-prima sustentável e criando produtos eco-friendly. Isso representa uma mudança significativa em relação aos métodos tradicionais que dependem da extração de plantas em grande escala, ocupando áreas cultiváveis extensas.
O projeto inclui a engenharia genética de um micro-organismo capaz de converter carbono em um biocorante azul índigo, uma cor de grande importância histórica. O azul índigo natural, extraído da planta Indigofera tinctoria L., tem sido usado por mais de 4.000 anos e foi fundamental nas grandes navegações devido à sua estabilidade e versatilidade.
Giulia Aranha enfatiza que a biodiversidade brasileira oferece oportunidades valiosas para a pesquisa científica e a inovação. O uso de micro-organismos na produção de corantes oferece várias vantagens, incluindo a obtenção de produtos sustentáveis e eco-friendly, evitando a necessidade de extensos cultivos de plantas.
A pesquisa nesse campo é essencial para mitigar o impacto ambiental da indústria têxtil e cosmética e proporcionar alternativas mais sustentáveis para a produção de corantes.
Fonte: Textile Industry ning com - Senai Cetiqt pesquisa de biocorante